A garota alí fez um pedido: dedo levantado, sobrancelha em pé.
- Quero contar uma história. A minha história.
O silêncio foi a melhor resposta que aquelas mulheres caolhas poderiam dar à menina de sal.
E a menina começou a falar...
Contava cada segundo de sua existência com tato esmero, com tanta sutileza que só conseguia escutar a respiração ofegante das suas ouvintes atentas. A menina de sal contou como se transformou em um amontoado pálido de grãos brancos. E contou do dia em que derreteu, da noite em que voltou a ter uma forma concreta. De sal, mas concreta. Relativamente palpável.
De repente, as mulheres caolhas, cegas para o mundo, cegas para a existência de sentido, levantaram e passaram a forçar o olhar. Olharam para os dedos da menina, depois os cabelos, por último fitaram os seus olhos salgados. Sorriram...
Pronto, os olhos ganharam lágrimas. Salgadas. Assim com a menina que saiu saltitante para mais uma missão.
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