quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Estranhamente gostosa


Ilustração: Vânia Medeiros

Chega um momento em que as perguntas não aparecem mais. Parece que, de repente, tudo mudou: as cores, os corpos, os conceitos, o juízo. Parece que o que fazia sentido há poucos segundos mudou de forma.

Sento no chão gelado, sozinha, e penso sobre mim, sobre a vida que construo a cada acordar. Penso nas pessoas que estão ao meu redor. Sinto o cheiro do seu corpo junto ao meu. Lembro de todos os nossos momentos, desde o primeiro dia em que nossos olhares se cruzaram. Lembro das nossas distâncias, da dificuldade em dialogar. Do medo de recomeçar...

Não consigo lembrar a idade que tenho: por um instante vou e volto em tempos idos e tempos futuros. Por um instante embalo minha vida no relógio que pulsa aqui, dentro de mim. Cheio de interrogações... Não consigo saber se sinto frio ou calor, se quero chuva ou sol, se quero você ou quero a mim, com novos sentidos. Não consigo decidir se acordo ou durmo mais um pouco.

Mas, por incrível que pareça, as perguntas não me atordoam. Fico sem respostas e a cada falta delas, estou mais feliz.
Uma sensação estranhamente gostosa...
...me empurra para frente ou para o alto talvez.

Um comentário:

Giulia Pegna disse...

Talvez porquer todas essas sensações, todos esses atos cometidos, te confirmam que vc é livre!!!!!!