segunda-feira, 28 de junho de 2010

Acordei com o tempo pendurado entre meus dedos tortos. Ele pendia para um lado enquanto eu o observava pelo outro. Por dentro da carne do corpo frágil, o sangue era tempo, as veias eram tempo, a carne era uma eterna espera. E não haviam palavras certas, pessoas certas, possibilidades certas. Tudo flutuava no tempo. Como o vazio da minha alma azul.

Hoje acordei toda azul e sangrando. Sangro a dor de um amor que se foi. Sangro a dúvida de saber quem sou. Sangro a falta de respostas. Sangro a cor quente do meu coração vazio. E sangro. Sangrando vou parindo a mulher-borboleta para o mundo. Com seus rastros, com suas vísceras. Com o amargo da espera, da dor de crescer, da dor de parir para o mundo um pedaço da minha existência tão terna, tão quente, tão sangue.

(26.06.2010, nas entranhas do Capão)

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