quarta-feira, 18 de abril de 2012

A canoa era pequena. O céu, imenso. Das pontas dos meus dedos saltitavam estrelas. Das pontas das estrelas sorriam o tempo, a memória e o desejo. Cruzávamos o rio. A noite acalentava mistérios. O céu estava ao meu alcance. Por um momento, cabia inteirinho na palma da minha mão. Do outro lado da margem, uma terra de muitos donos, sem dono. Uma terra ancestral. John Lennon, o cacique da aldeia indígena do Bujigão, recepcionava os visitantes tendo o céu como testemunha da sua gentileza. Cruzávamos o rio de águas escuras. As águas de dentro talvez sejam ainda mais turvas. Ou límpidas.  Ou secas... Impossível alcançar a outra margem sem dançar. É uma dança de pele, de tempo, de temperatura morna. Dança que não escolhe ritmo, nem som. Apenas é.

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