
A arma! Apontada para a cabeça dela, não parecia um brinquedo. Espera! Eram poucos segundos que restavam para conseguir tudo o que calara durante uma eternidade. Não havia mais tempo. Era o momento que tinha para sufocar seus medos e encher o peito de coragem. "Se vou morrer, precisa me deixar falar antes". Não sabe como aquelas palavras saltitaram dos seus lábios trêmulos. Mas, foi atendida. A arma afastou-se da sua cabeça, porém continuou a mirar-lhe os olhos, calmamente. E naquele contexto de pânico, teve a oportunidade da sua vida: ser quem ela era. Uma mulher altiva, serena e sensata. Uma mulher distante, inquieta e apressada. Uma mulher falante e sutil. Foi como se viu refletida na ponta da arma gritante que queria tirar-lhe a vida, ou o que restara dela. Não precisou de muitas palavras. As poucas que ouviu foram suficientes para que soubesse que agora, sim, poderia morrer em paz. "Estou pronta!". Adiante! Agora ela ordenava. Sem demora! Ela implorava. E a morte passou como o vento, refletida nas suas entranhas. Rasgou-lhe o vestido e alojou-se dentro do seu peito rouco, pronto, louco...
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