domingo, 30 de setembro de 2012

Sim, o cachorro vai cair

Sim, o cachorro vai cair.
E vai desabar em pedaços dispersos
Tão difíceis de serem reconectados
Em pedaços ocos
Tão impossíveis de fazerem sentido.

Sim, o cachorro vai ser arremessado.
Pois é fruto de uma melancolia de alma
Do medo
Da fuga
Do difícil cruzar de olhos
Que distanciam seres(humanos?)

A doçura do cachorro-filhote
A quentura da sua lambida
A delicadeza do seu olhar
Precisa ser arremessada
Rasgada
Destroçada
Para que os dias sigam em(paz?)

E assim seguirão os dias
Sem respostas
Sem perguntas
Sem cachorros

Com travas e trincos
Com alarmes e buzinas ensurdecedoras

E assim seguirão os dias
Com latidos sufocados
Com gemidos escondidos
Com lágrimas desperdiçadas

O tempo corre rápido demais
Nossas pernas(patas?) são tão curtas
Nossos focinhos(narizes?), tão inúteis
Nossas comidas são rações insossas demais para alimentar a alma.
Engolida.
Mastigada.
Cuspida dia a dia
Acordar a acordar

Sim, o cachorro vai cair.
Ele sempre cai.

*Inquietudes, em rastros, após assistir ao brilhante curta-metragem O Menino do Cinco, de Marcelo Matos de Oliveira e Wallace Nogueira.

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